38 bois por pessoa
A cidade brasileira que tem mais bois do que gente (e a com mais casas que pessoas)
Veja exemplos de cidades do Brasil que desafiam a lógica (e as estatísticas) de população
Rural | 11 de Agosto de 2025 as 11h 15min
Fonte: Galileu

Se a Nova Zelândia tem cinco ovelhas para cada ser humano, São Félix do Xingu, no Pará, tem 38 bois por pessoa. A proporção ficou mais acentuada na última década, porque o município paraense entrou na lista dos que mais perderam habitantes, segundo o Censo 2022. A população caiu de 91.340, em 2010, para 65.418 moradores, em 2022, uma redução de 28,38%.
São Félix do Xingu é um exemplo de que ter uma economia centrada no agronegócio não é garantia de crescimento. As 2,5 milhões de cabeças de gado (1,1% do total nacional) não seguraram a migração para outras regiões. Mas, caso mergulhe em uma crise econômica, não será a primeira vez. A cidade, que cresceu em torno das seringueiras, naufragou quando o ciclo da borracha chegou ao fim. Existem outras oportunidades na enorme área de São Félix do Xingu: é o sexto maior município do Brasil, quase do tamanho de Santa Catarina.
A cidade das casas vazias
Dezoito cidades brasileiras têm mais domicílios do que habitantes, segundo o Censo 2022. Não são locais abandonados ou em franca decadência, mas, na maioria, destinos turísticos. Aqueles municípios litorâneos que se entopem de gente nas férias e depois se esvaziam. A maioria está na costa norte do litoral gaúcho, e é um deles, Arroio do Sal, que tem a taxa mais discrepante. Com 11 mil habitantes, a cidade tem 18,9 mil endereços domiciliares.
Isso reforça a vocação de veraneio do local. Arroio do Sal, que até 1988 pertencia a Torres, começou a atrair a turma da pesca recreativa no século passado. Depois vieram os fãs de esportes náuticos e veranistas em geral. Hoje, turistas buscam Arroio do Sal também por seu Carnaval, tido como dos mais animados do estado.
Confira abaixo outros exemplos de "anomalias demográficas" do Brasil.
A cidade mais jovem (e indígena) do país
Na tríplice fronteira com Venezuela e Guiana, Uiramutã é um local de extremos geográficos. Localizado dentro da Reserva Indígena Raposa Terra do Sol, ele atrai turistas em busca de aventura em uma montanha muito famosa e em outra que deveria ser mais conhecida. A primeira é o Monte Roraima, majestoso tepui (área elevada, com paredes verticais e topo plano) que inspirou tanto mitologias quanto filme da Pixar (Up). A segunda, o Monte Caburaí, é o ponto mais ao norte do Brasil. Apesar de Oiapoque (AP) levar a fama, é essa montanha de Roraima o ponto mais ao norte do território brasileiro.
Por ficar totalmente em uma reserva, Uiramutã acaba sendo o município com a maior população indígena: 96,6% de seus 13.751 habitantes, segundo o Censo 2022. As faixas etárias mais populosas são 0-4, 5-9 e 10-14 anos. A idade mediana, que divide a população em duas partes iguais, 50% mais nova e 50% mais velha, é de 15 anos. Isso faz de Uiramutã o município mais jovem do Brasil.
Os recordes da cidade também são negativos. Com péssimos índices de moradia, educação, saúde e direitos individuais, Uiramutã tem a pior qualidade de vida do país, segundo o Índice de Progresso Social (IPS).
As cidades mais masculinas
Anomalias demográficas também podem surgir de políticas públicas e decisões governamentais. Balbinos, no oeste paulista, é um desses casos. A decadência do café aumentou o êxodo rural: nos anos 2000, a população da cidadezinha, que chegara a ter 4 mil habitantes, tinha caído para pouco mais de mil. Isso mudou em 2006, quando o município ganhou duas penitenciárias.
O que em muitas cidades do interior pode ser visto como um problema, em Balbinos foi uma solução atípica. No ano seguinte à inauguração dos presídios, a economia local ganhou um empurrãozinho graças às famílias de muitos presos. Algumas se mudaram para lá, a fim de ficarem mais próximas. Outras passaram a ir com frequência, em excursões. Esse movimento aqueceu o comércio, que ganhou pensões, restaurantes e outros serviços. O prefeito da época via a chegada dos presídios como um “mal necessário”. Os moradores em liberdade passaram a conviver com as “invasões” nos fins de semana.
Dado o tamanho da cidade e o fato de ambas as unidades carcerárias serem masculinas, o aumento da população de Balbinos veio com uma enorme desproporcionalidade: dos atuais 3.887 habitantes, 3.172, ou 81,6%, são homens. Nenhum município brasileiro tem taxa maior, segundo o Censo 2022. As cidades que vêm logo atrás nesse ranking, Lavínia e Pracinha, vivem a mesma situação: são municípios paulistas com menos de 10 mil habitantes e que abrigam presídios masculinos.
Se as penitenciárias trouxeram enorme aumento de população masculina a Balbinos, em Itaí, no sudoeste do estado, o resultado foi uma internacionalização incomum. O município, de 25 mil moradores, abriga a única cadeia exclusiva para estrangeiros no Brasil, com capacidade para 1,6 mil detentos. Já passaram por ela homens de mais de 80 países, de todos os continentes. O tráfico internacional de drogas é o crime mais comum que os colocou atrás das grades.
A presença desses estrangeiros fez com que Itaí adquirisse estatísticas curiosas. Segundo o Censo de 2010, ela era a segunda cidade com maior proporção de habitantes nascidos em outro país, com 5,7% (a maioria nigerianos). Era a única, dentre as dez primeiras, que não fica em uma fronteira. A diversidade étnica se traduz também na biblioteca do presídio. Segundo o G1, são 21 mil livros em 38 idiomas – muito mais do que a biblioteca municipal, que tem apenas 2 mil livros em dois idiomas.
A capital dos aposentados
Em 1869, um historiador previu que Santos se tornaria a principal cidade paulista. À época se firmando com seu porto, ela disputava o posto com Campinas, centro da economia cafeeira, e São Paulo, que começava a crescer por causa de sua localização estratégica, no caminho entre a produção e a exportação do grão. Santos não virou a locomotiva do estado, mas virou um polo de qualidade de vida.
No século 20, enquanto Campinas se tornou a maior cidade do interior do Brasil e São Paulo virou uma das maiores metrópoles do mundo, Santos estacionou na casa dos 400 mil habitantes. A urbanização e a modernização da cidade, a partir do fim do século 19, atraiu uma boa oferta de serviços, e a facilidade do acesso, com a construção de rodovias na segunda metade do século 20, aumentou o fluxo de veranistas e, mais tarde, de aposentados.
Praiana sem deixar de ser urbana, com boa programação cultural, equipamentos esportivos públicos e o maior jardim de orla do mundo, segundo o Guinness, já faz algumas décadas que Santos vem sendo chamada de cidade de aposentados. O Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL) chegou a elegê-la a melhor do Brasil (atualmente está em 3º). De acordo com o Censo 2022, dentre os municípios com mais de 100 mil habitantes, Santos é a campeã dos cabelos brancos: 18,73% da população é idosa. Mas, quando comparada a todos os municípios do país, Santos é praticamente um “menino da Vila”. Das dez com mais idosos, todas têm menos de 3 mil habitantes e uma taxa de pelo menos 24,8% de pessoas com mais de 60 anos. Nove ficam no Rio Grande do Sul.
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