Ascensão
Turismo de guerra deve crescer quase 75% e valer US$ 927 mi até 2035
Especialistas explicam o que é esse tipo de turismo, quando ele é mais procurado e o motivo de estar em ascensão
Geral | 07 de Julho de 2025 as 16h 33min
Fonte: CNN Brasil

A tendência do turismo de guerra cresce em todo o mundo. Um estudo do Future Market Insights (FMI), lançado em março, estimou que o mercado, atualmente avaliado em US$ 530,6 milhões, deve valer US$ 927,1 milhões até 2035. Nesse caso, o crescimento constante do setor seria de 5,7% ao ano — o equivalente a 74,7% em dez anos.
O interesse nesse tipo de turismo também pôde ser visto quando estourou a guerra entre Rússia e Ucrânia em 2022. A agência de viagem e plataforma on-line Visit Ukraine.Today lançou visitas guiadas às chamadas "Cidades Valentes", oferecendo aos viajantes uma visão de como a Ucrânia vive em meio ao conflito.
Mas o que é o turismo de guerra? Além de eventuais visitas a lugares em conflito, a modalidade diz respeito, principalmente, sobre a visitação a locais históricos em que viajantes podem conhecer campos de batalha, museus, memoriais e monumentos ligados a combates. Segundo o estudo do FMI, a intensificação desse nicho está vinculada ao "crescente padrão do turismo histórico e patrimonial".
O professor e pesquisador de turismo e cultura Luiz Trigo, da Universidade de São Paulo (USP), relaciona o crescimento com os constantes conflitos geopolíticos no mundo, como os Estados Unidos, que estão em disputas com alguma nação desde 2001; o Oriente Médio, palco de diversos conflitos ao longo da história; e os antigos blocos da União Soviética — entre eles, os atuais países Rússia e Ucrânia.
No entanto, Alexandre Panosso Netto, doutor em turismo e professor da USP, afirma não ser possível relacionar diretamente a instabilidade geopolítica com o impulso do turismo de guerra. "Mas é uma hipótese provável, pois os atuais conflitos mundiais estão na mídia e podem suscitar o interesse dos turistas em conhecer os palcos de conflitos passados", explica.
Segundo Trigo, a busca por locais que foram palcos de conflitos armados ocorre, principalmente, em períodos de paz. Mesmo assim, há uma pequena parcela de viajantes que visita essas áreas durante guerras em curso. Quando os conflitos acabam, as ruínas podem virar museus, centros culturais e até instituições de direitos humanos.
Elementos da cultura pop, como videogames, filmes e livros, influenciam no crescimento desse mercado. "Tudo isso contribui para que as pessoas queiram visitar algum lugar específico, como, por exemplo, os campos de extermínio no Camboja, ou os campos de concentração nazistas na Polônia e na Alemanha", completa.

E qual é o perfil de quem busca por esse tipo de turismo? Netto diz que esse viajante não tem um perfil especial e que, atualmente, os turistas são híbridos. Ou seja, "ao mesmo tempo em que querem conhecer locais históricos, culturais e religiosos, que elevam o conhecimento e o saber", também querem se divertir em festas e comer em bons restaurantes, por exemplo.
Os especialistas também falam que as agências de viagem devem tomar cuidado para preservar a memória de um país que esteve em guerra em vez de banalizá-la. Isso pode acontecer por meio de infraestrutura adequada e qualidade de serviços, além da formação de alto nível dos guias que acompanham grupos turísticos.
"O correto seria aproveitar os recursos desses visitantes para a preservação da memória dos que ali foram mortos", diz Netto.
Como é turismo de guerra no Brasil?
O Brasil foi palco da Guerra de Canudos, entre 1896 e 1897, no sertão da Bahia, e da Guerra do Paraguai, de 1864 a 1870, mas os especialistas afirmam que o turismo em torno destes conflitos é praticamente inexistente no país.
"Não sobrou nada de Canudos para ver. Também pouco se fala da Guerra do Paraguai. Assim como as guerras de extermínio dos indígenas guaranis, que pouco se fala. Sobraram as reduções jesuíticas entre Rio Grande do Sul, Argentina e Paraguai, mas as pessoas não viajam até lá pela guerra, e sim pela beleza das ruínas que foram, durante quase 200 anos, uma região coordenada pelos padres jesuítas em relação aos guaranis", afirma Trigo.
Já Netto propõe a possibilidade de um projeto turístico que preserve e respeite a história de conflitos no Brasil. Ele cita como base o livro "A retirada da Laguna", de 1874, de Alfredo d'escragnolle Taunay, que narra um episódio específico da Guerra do Paraguai.
"Seria uma união entre o patrimônio monumental e histórico deixado pela Guerra do Paraguai com o patrimônio cultural e literário que é o livro. Se bem trabalhado, o livro poderia ir contando aos turistas o desenrolar da guerra em cada uma das localidades", sugere o professor.
Ainda que o turismo de guerra esteja em constante ascensão no mundo, os especialistas destacam a importância de cuidar da memória e do patrimônio. Assim, as visitas podem ser feitas respeitando a história dos lugares e dos povos que sofreram com os conflitos.
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