Tensões comerciais
Guerra comercial do Trump se intensifica e ameaça impactar o agronegócio brasileiro
O Brasil, um dos maiores produtores de soja e proteína animal, pode se beneficiar no curto prazo do redirecionamento da demanda chinesa.
Economia | 05 de Março de 2025 as 13h 45min
Fonte: Noticias R7

A escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais atingiu um novo patamar com as recentes medidas anunciadas pela China. O governo chinês impôs tarifas adicionais sobre diversos produtos agrícolas americanos, incluindo frango, trigo, milho, algodão e soja, como resposta às sanções tarifárias impostas pelos Estados Unidos. Outras nações, como Canadá e México, também adotaram medidas retaliatórias, ampliando o cenário de incertezas no comércio global.
A nova rodada de tarifas por parte da China prevê alíquotas de 15% sobre as importações de proteínas e grãos dos EUA e de 10% sobre outros alimentos. Além disso, o Ministério do Comércio chinês restringiu a compra de produtos de 15 empresas americanas, incluindo importantes fornecedoras do setor de tecnologia e segurança. O impacto imediato recai sobre os agricultores do Meio-Oeste dos Estados Unidos, tradicionalmente dependentes do mercado chinês para escoamento de sua produção.
O governo americano justificou as sanções alegando a necessidade de proteger setores estratégicos e conter o fluxo de fentanil para os Estados Unidos. No entanto, analistas avaliam que a política tarifária adotada amplia as tensões com economias relevantes, afetando o equilíbrio das cadeias produtivas globais e elevando a volatilidade dos mercados agrícolas.
A disputa comercial já provoca mudanças no fluxo de exportações. O Brasil, um dos maiores produtores de soja e proteína animal, pode se beneficiar no curto prazo do redirecionamento da demanda chinesa. Dados do Insper Agro Global mostram que, durante a primeira gestão de Donald Trump, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos na exportação de produtos agropecuários para a China. Em 2024, as exportações brasileiras do agronegócio ao país asiático somaram US$ 45,3 bilhões, representando 33% do total embarcado pelo setor.
A indústria de óleos vegetais e proteínas animais já monitora os desdobramentos das novas tarifas chinesas. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) destacam que o Brasil tem canais de exportação bem estabelecidos com a China e pode ampliar sua participação no mercado asiático, sobretudo no fornecimento de soja, milho, carne de frango e carne suína.
Especialistas, no entanto, alertam para os riscos envolvidos. O aumento da competitividade sul-americana pode provocar retaliações futuras por parte dos Estados Unidos, que já investigam a importação de produtos brasileiros, como madeira e móveis, por supostas ameaças à segurança nacional. Além disso, a ampliação do protecionismo global pode dificultar negociações comerciais e elevar os custos logísticos para exportadores brasileiros.
A guerra tarifária também impacta os preços das commodities. Com o aumento dos estoques internos nos Estados Unidos, a pressão sobre as cotações de soja, milho e trigo na bolsa de Chicago deve se intensificar. O presidente do Instituto do Agronegócio (IA), Isan Rezende (foto), avalia que os mercados devem apresentar forte volatilidade, com oscilações nos prêmios de exportação e nos custos logísticos internacionais.
“O agravamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China coloca o Brasil em uma posição delicada. Embora, a princípio, possamos nos beneficiar com o aumento da demanda chinesa por nossos produtos agropecuários, precisamos ter cautela. A instabilidade nos mercados internacionais pode gerar volatilidade nos preços e afetar diretamente os produtores brasileiros, principalmente os que dependem de exportação para esses países”, comentou Rezende.
Para Isan, “se essa disputa comercial se intensificar, há o risco de os Estados Unidos buscarem novos mercados para seus produtos, aumentando a concorrência com o Brasil em destinos estratégicos, como Europa e Oriente Médio. Além disso, a China pode adotar políticas mais restritivas para equilibrar suas importações, o que pode limitar as oportunidades que parecem surgir agora. O impacto sobre os preços e o fluxo de exportações deve ser monitorado de perto para evitar surpresas negativas”.
“Para proteger nosso setor agropecuário, é fundamental diversificar mercados, reduzir a dependência de qualquer país e investir em acordos comerciais estratégicos. Também precisamos fortalecer a infraestrutura logística para garantir maior competitividade no comércio internacional. O Brasil tem um enorme potencial agrícola, mas a previsibilidade e a segurança comercial são essenciais para manter nossa posição de destaque no mercado global”, recomendou Isan Rezende, lembrando que outro ponto de atenção para os exportadores brasileiros é a possibilidade de a China aplicar embargos às operações de tradings americanas. “Como muitas dessas empresas operam no Brasil, um bloqueio comercial poderia comprometer a logística de escoamento da produção nacional e gerar incertezas para os produtores”.
Apesar das oportunidades que a guerra comercial pode trazer ao agronegócio brasileiro, analistas recomendam cautela. A instabilidade global pode alterar fluxos comerciais de forma abrupta, exigindo estratégias bem planejadas para evitar impactos negativos no longo prazo.
O Brasil, maior fornecedor de soja e carne para a China, deve acompanhar de perto os desdobramentos da disputa entre as duas maiores economias do mundo e buscar garantir relações comerciais equilibradas para manter a estabilidade do setor agroexportador.
Notícias dos Poderes
Desenvolve MT libera mais de R$ 1,2 milhão de crédito para mulheres no primeiro semestre
Iniciativa busca fortalecer o empreendedorismo feminino no Estado e gerar emprego e renda
07 de Julho de 2025 as 07h15Confira as 10 cidades de MT que mais contrataram com carteira assinada
82% dos municípios abriram novos postos de trabalho; Cuiabá, Barra do Garças e Sinop lideram no ranking
07 de Julho de 2025 as 07h30Fraudes no INSS: Toffoli dá aval para acordo do governo para devolução dos recursos
Ressarcimento às vítimas do esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões deve começar no dia 24
04 de Julho de 2025 as 09h30Apesar de alta, por que a Fenabrave reduziu a previsão de vendas de veículos no Brasil
Vendas de veículos devem aumentar 4,4% neste ano, para 2.751.665 unidades, uma revisão da estimativa anterior da Fenabrave de aumento de 5%
04 de Julho de 2025 as 08h31Caixa vai aumentar preços da Mega-Sena e de outras apostas; veja novos valores
Último reajuste nas Loterias da Caixa havia sido aplicado em abril de 2023. Veja valores
04 de Julho de 2025 as 08h00Conta de luz fica mais cara em julho; veja dicas de como economizar com a bandeira vermelha
02 de Julho de 2025 as 16h31Brasileiros pagam R$ 2 trilhões em impostos mais cedo em 2025
Marca será atingida amanhã (3/7), 19 dias antes que em 2024
02 de Julho de 2025 as 11h42Pix tem novas regras para evitar fraudes a partir desta terça (1/7); veja o que muda
A partir de agora, todos os bancos e instituições de pagamento devem confirmar se o nome vinculado à chave Pix é idêntico ao que consta no CPF
01 de Julho de 2025 as 15h32